O Papel do Mel na Cicatrização de Feridas

Escrito por Gustavo Padovani / CRN-361455

O mel é um produto natural que tem sido utilizado ao longo da história não apenas como adoçante, mas também por suas propriedades medicinais (Ranneh et al., 2021). Dentre suas várias aplicações, destaca-se o uso do mel na cicatrização de feridas, reconhecido por suas qualidades antibacterianas, anti-inflamatórias e cicatrizantes. Além de promover um ambiente úmido, essencial para a regeneração da pele, o mel tem mostrado eficácia até em casos de feridas crônicas e úlceras diabéticas, oferecendo uma alternativa adjuvante natural e segura no tratamento dessas condições (Palma-Morales et al., 2023).

Como o Mel Funciona na Cicatrização?

O mel contém peróxido de hidrogênio, ácidos fenólicos e flavonoides, compostos que desempenham papéis essenciais na cicatrização. O peróxido de hidrogênio, por exemplo, possui ação antibacteriana, enquanto os flavonoides e ácidos fenólicos têm funções antioxidantes e anti-inflamatórias, que reduzem o inchaço e facilitam a recuperação do tecido (Tashkandi, 2021):

  1. Atividade Antibacteriana: Um dos principais benefícios do mel é sua capacidade de inibir o crescimento bacteriano, que se deve à presença de peróxido de hidrogênio, acidez e alta osmolaridade. Essas características fazem com que bactérias não consigam proliferar em um meio onde o mel é aplicado.
  2. Propriedades Anti-inflamatórias e Antioxidantes: O mel reduz a inflamação ao redor da ferida e possui antioxidantes que protegem os tecidos de danos adicionais causados por radicais livres. Além disso, ele diminui a dor e o inchaço, promovendo um alívio natural e rápido.
  3. Estimulação do Crescimento Tecidual: O mel estimula a proliferação de fibroblastos e a formação de novos vasos sanguíneos, essenciais para a recuperação de feridas. Ele também auxilia na produção de colágeno, que melhora a integridade e a força do tecido cicatrizado.

Mecanismos de Ação Detalhados

  1. Peróxido de Hidrogênio (HO): O peróxido de hidrogênio é liberado quando o mel entra em contato com a umidade. Essa substância age como um leve antisséptico, matando bactérias e estimulando a cicatrização. Estudos indicam que o H₂O₂ do mel é gerado em concentrações muito mais baixas do que soluções comuns de farmácia, o que evita danos aos tecidos e, ao mesmo tempo, promove um ambiente saudável para a regeneração.
  2. Alta Osmolaridade: Devido ao seu alto teor de açúcares, o mel retira água das células bacterianas, desidratando e eliminando os microrganismos. Esse efeito osmótico também ajuda a manter a ferida limpa e úmida, o que é fundamental para o processo de cicatrização.
  3. Atividade Não Peróxida e Antioxidantes: Alguns tipos de mel, como o mel de Manuka, apresentam compostos adicionais que proporcionam atividade antibacteriana mesmo após a remoção do peróxido de hidrogênio. Flavonoides e ácidos aromáticos presentes no mel também atuam como antioxidantes, protegendo os tecidos e reduzindo a inflamação.
  4. Acidez: O pH ligeiramente ácido do mel é benéfico para a cicatrização, pois diminui a atividade de enzimas proteolíticas que poderiam retardar o processo de reparo. Além disso, a acidez favorece o crescimento de fibroblastos e a liberação de oxigênio, essenciais para regeneração.
  5. Produção de Óxido Nítrico (NO): O mel aumenta os níveis de óxido nítrico no local da ferida, uma molécula que melhora a circulação sanguínea, ajuda a combater bactérias e facilita a cicatrização. NO é crucial para a defesa do organismo contra infecções e desempenha um papel importante na fase inflamatória da cicatrização.
  6. Redução de Prostaglandinas: Prostaglandinas são mediadores da inflamação e dor, mas o mel pode ajudar a diminuir sua concentração, reduzindo inflamação e aliviando desconforto (Al-Waili et al., 2011).

Benefícios Clínicos

Diversos estudos clínicos demonstraram que o uso do mel em curativos pode auxiliar tratamentos médicos convencionais e ser um composto adjuvante. Em feridas crônicas, úlceras diabéticas e queimaduras, o mel promove uma cicatrização mais rápida, reduz a dor e ajuda a esterilizar o local (Oryan et al., 2016). Além disso, ele oferece uma alternativa natural e segura, sem os efeitos colaterais associados a muitos antibióticos (Yaghoobi et al., 2013).

Por fim

O mel se destaca como um agente natural poderoso para o tratamento de feridas. Suas propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias e antioxidantes, não só aceleram a cicatrização, como também protegem contra infecções, proporcionando alívio e melhores resultados estéticos. Sua capacidade de estimular o sistema imunológico, aumentar a produção de óxido nítrico e reduzir prostaglandinas faz dele uma opção completa e segura para diversos tipos de lesões na pele. Portanto, o uso do mel vai além de sua tradicional função culinária: ele é uma ferramenta versátil e eficaz para o cuidado da pele, aliando o conhecimento ancestral com o suporte da ciência moderna para promover recuperação.

O conteúdo deste artigo não se destina a substituir aconselhamento médico ou nutricional profissional e não deve ser interpretado como tal. Sempre consulte um profissional de saúde qualificado para esclarecer quaisquer dúvidas que você tenha sobre sua saúde ou condições médicas

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Foto de Diana Polekhina na Unsplash

Al-Waili, N. S., Salom, K., & Al-Ghamdi, A. A. (2011). Honey for wound healing, ulcers, and burns; data supporting its use in clinical practice. In TheScientificWorldJournal (Vol. 11, pp. 766–787). https://doi.org/10.1100/tsw.2011.78

Oryan, A., Alemzadeh, E., & Moshiri, A. (2016). Biological properties and therapeutic activities of honey in wound healing: A narrative review and meta-analysis. Journal of Tissue Viability, 25(2), 98–118. https://doi.org/10.1016/j.jtv.2015.12.002

Palma-Morales, M., Huertas, J. R., & Rodríguez-Pérez, C. (2023). A Comprehensive Review of the Effect of Honey on Human Health. In Nutrients (Vol. 15, Issue 13). Multidisciplinary Digital Publishing Institute (MDPI). https://doi.org/10.3390/nu15133056

Ranneh, Y., Akim, A. M., Hamid, H. A., Khazaai, H., Fadel, A., Zakaria, Z. A., Albujja, M., & Bakar, M. F. A. (2021). Honey and its nutritional and anti-inflammatory value. In BMC Complementary Medicine and Therapies (Vol. 21, Issue 1). BioMed Central Ltd. https://doi.org/10.1186/s12906-020-03170-5

Tashkandi, H. (2021). Honey in wound healing: An updated review. In Open Life Sciences (Vol. 16, Issue 1, pp. 1091–1100). De Gruyter Open Ltd. https://doi.org/10.1515/biol-2021-0084

Yaghoobi, R., Kazerouni, A., & Kazerouni, O. (2013). Evidence for Clinical Use of Honey in Wound Healing as an Anti-bacterial, Anti-inflammatory Anti-oxidant and Anti-viral Agent: A Review. In Jundishapur Journal of Natural Pharmaceutical Products (Vol. 8, Issue 3).

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