Mel no Cuidado de Pacientes Oncológicos

Escrito por Gustavo Padovani / CRN-361455

O câncer e seus tratamentos podem ter um impacto significativo na saúde e bem-estar dos pacientes, levando a uma série de efeitos colaterais, como fadiga, dor, náuseas e alterações na dieta. Nessa perspectiva, o mel, um alimento natural com propriedades terapêuticas, tem ganhado destaque como um potencial coadjuvante no cuidado de pacientes oncológicos.

Propriedades Nutricionais do Mel

O mel é uma fonte rica em antioxidantes, como flavonoides e fenólicos, que ajudam a combater os radicais livres no organismo. Esses compostos podem ajudar a reduzir a inflamação e a proteger as células do dano oxidativo, um fator comum no desenvolvimento e progressão do câncer. Além disso, o mel possui propriedades antimicrobianas, que podem ser benéficas para prevenir infecções, especialmente em pacientes imunocomprometidos (Palma-Morales et al., 2023).

Mel para auxiliar nos Efeitos Colaterais do Tratamento para o Câncer

Os tratamentos oncológicos, como quimioterapia e radioterapia, podem causar efeitos colaterais que afetam a qualidade de vida dos pacientes. O mel pode ser uma opção para ajudar a aliviar alguns desses sintomas:

  1. Náuseas e Vômitos: O consumo de mel, devido às suas características, pode ajudar a reduzir a sensação de náusea.
  2. Fadiga e Cansaço: A energia rápida proporcionada pelos açúcares naturais do mel pode ser benéfica para pacientes que lutam contra a fadiga intensa, uma queixa comum entre os pacientes em tratamento.
  3. Cicatrização de Feridas: Pacientes submetidos a cirurgias ou que apresentam feridas na pele podem se beneficiar das propriedades cicatrizantes do mel. Ele pode ajudar a acelerar a recuperação e reduzir o risco de infecções.
  4. Apoio ao Sistema Imunológico: O mel é conhecido por suas propriedades imunomoduladoras, que ajuda o sistema imunológico dos pacientes oncológicos, ajudando a combater infecções e a manter a saúde geral.

Mel e Dispepsia

A dispepsia é um termo que descreve uma série de sintomas digestivos, incluindo dor abdominal, sensação de plenitude, e desconforto após as refeições. O uso de mel na dieta tem sido associado a propriedades benéficas para a saúde gastrointestinal. O mel possui características antimicrobianas e anti-inflamatórias que podem auxiliar no alívio da dispepsia, promovendo a cicatrização da mucosa gástrica e regulando a motilidade intestinal. Estudos sugerem que a ingestão de mel pode melhorar a digestão e reduzir sintomas de desconforto gastrointestinal, ajudando a equilibrar a flora intestinal e a reduzir a acidez. Além disso, o mel é frequentemente usado como um remédio natural para tratar úlceras gástricas e refluxo, condições que podem coexistir com a dispepsia (Gillespie et al., 2023).

Câncer e Oncogênese

Câncer de Mama: A desregulação das vias de sinalização do estrogênio está ligada ao crescimento do câncer de mama. Os fitoestrogênios, que possuem uma estrutura semelhante ao estrogênio, podem se ligar aos receptores de estrogênio. O mel tem demonstrado atividade bifásica nas células MCF-7, com efeito antiestrogênico em concentrações baixas e efeito estrogênico em concentrações altas, devido à ligação de fitoestrogênios. Além disso, o mel Tualang mostrou atividade citotóxica específica contra células de câncer de mama, destacando seu potencial como agente quimioterápico.

Câncer de Fígado: O carcinoma hepatocelular é o tipo mais comum de câncer de fígado. O mel tem efeitos antitumorais em células HepG2, reduzindo os níveis de óxido nítrico e promovendo o perfil antioxidante das células. Estudos mostraram que o mel tem efeitos citotóxicos, antimetastáticos e antiangiogênicos nas células HepG2.

Câncer Colorretal: O mel inibe a proliferação de células cancerígenas do cólon. Estudos confirmaram o efeito antiproliferativo do mel, com ações adicionais observadas em altas concentrações de fenólicos como quercetina. Os mecanismos anticancerígenos do mel incluem a indução de apoptose, modulação do estresse oxidativo e inibição da angiogênese (Pasupuleti et al., 2017).

Mecanismos de Ação do Mel

Os componentes do mel, como a quercetina, podem interromper o ciclo celular em várias fases, levando à morte celular programada (apoptose). O mel atua nas células cancerígenas por meio de mecanismos como:

  • Modulação do Estresse Oxidativo: O mel age como um antioxidante e, em condições de estresse oxidativo, pode agir como um anti-oxidante, afetando o crescimento das células cancerígenas (Hussain et al., 2016).
  • Redução da Inflamação: O mel reduz a expressão de proteínas inflamatórias que contribuem para a progressão do câncer, inibindo vias como MAPK e NF-κB (Navaei-Alipour et al., 2021; Ranneh et al., 2021).

Própolis como aliado adjuvante no tratamento

Além do mel, o própolis exibe também exerce efeitos quimioprotetores potentes devido à presença de vários fitocomponentes (CAPE, galangin, chrysin, artepillins C, e nemorosone) que contribuem para propriedades pró-apoptóticas, citotóxicas, antiproliferativas, antiangiogênicas e antigenotóxicas, juntamente com funções antioxidantes, imunomoduladoras e anti-inflamatórias.

 

Figura: Atividade quimiopreventiva ou anticancerígena comum do própolis (Hui-Fang Chiu, 2020)

Recomendações finais:

Ao incorporar mel e própolis na dieta, podem ser excelentes complementos em uma alimentação saudável, sendo adicionado a chás, iogurtes ou utilizado como adoçante natural em diversas preparações, além de seu consumo na forma de gotas. No entanto, é fundamental consumi-los com moderação, especialmente para pessoas com diabetes ou condições que exigem controle rigoroso dos níveis de açúcar no sangue. A escolha do mel e própolis que sejam de qualidade é essencial pois mantém melhor suas propriedades nutricionais.

O conteúdo deste artigo não se destina a substituir aconselhamento médico ou nutricional profissional e não deve ser interpretado como tal. Sempre consulte um profissional de saúde qualificado para esclarecer quaisquer dúvidas que você tenha sobre sua saúde ou condições médicas

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Coleções – Mel Hakodesh

Foto de National Cancer Institute na Unsplash

Gillespie, K. M., Kemps, E., White, M. J., & Bartlett, S. E. (2023). The Impact of Free Sugar on Human Health—A Narrative Review. In Nutrients (Vol. 15, Issue 4). MDPI. https://doi.org/10.3390/nu15040889

Hui-Fang Chiu. (2020). Chemopreventive and Chemotherapeutic Effect of Propolis and Its Constituents: A Mini-review. Journal of Cancer Prevention.

Hussain, T., Tan, B., Yin, Y., Blachier, F., Tossou, M. C. B., & Rahu, N. (2016). Oxidative Stress and Inflammation: What Polyphenols Can Do for Us? In Oxidative Medicine and Cellular Longevity (Vol. 2016). Hindawi Limited. https://doi.org/10.1155/2016/7432797

Navaei-Alipour, N., Mastali, M., Ferns, G. A., Saberi-Karimian, M., & Ghayour-Mobarhan, M. (2021). The effects of honey on pro- and anti-inflammatory cytokines: A narrative review. In Phytotherapy Research (Vol. 35, Issue 7, pp. 3690–3701). John Wiley and Sons Ltd. https://doi.org/10.1002/ptr.7066

Palma-Morales, M., Huertas, J. R., & Rodríguez-Pérez, C. (2023). A Comprehensive Review of the Effect of Honey on Human Health. In Nutrients (Vol. 15, Issue 13). Multidisciplinary Digital Publishing Institute (MDPI). https://doi.org/10.3390/nu15133056

Pasupuleti, V. R., Sammugam, L., Ramesh, N., & Gan, S. H. (2017). Honey, Propolis, and Royal Jelly: A Comprehensive Review of Their Biological Actions and Health Benefits. In Oxidative Medicine and Cellular Longevity (Vol. 2017). Hindawi Limited. https://doi.org/10.1155/2017/1259510

Ranneh, Y., Akim, A. M., Hamid, H. A., Khazaai, H., Fadel, A., Zakaria, Z. A., Albujja, M., & Bakar, M. F. A. (2021). Honey and its nutritional and anti-inflammatory value. In BMC Complementary Medicine and Therapies (Vol. 21, Issue 1). BioMed Central Ltd. https://doi.org/10.1186/s12906-020-03170-5

 

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