Mel como Substituto ao Açúcar Refinado
Escrito por Gustavo Padovani / CRN-361455
Conhecendo melhor o mel
As abelhas coletam néctar de plantas e excreções de insetos e produzem mel, que tem sido reverenciado por séculos e séculos devido as suas propriedades nutricionais e terapêuticas. Por outro lado, sabemos que o consumo excessivo de açúcar refinado pode ser um problema, principalmente por estar associado a diversas doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Alternativas mais saudáveis ao açúcar vêm ganhando destaque, e o mel se apresenta como uma opção natural, com benefícios adicionais que vão além do sabor doce (Palma-Morales et al., 2023).
Composição e Perfil Nutricional
Ao contrário do açúcar refinado, que é composto principalmente por sacarose, o mel contém diversos componentes, como minerais, aminoácidos, proteínas, vitaminas, enzimas e compostos fenólicos. A presença e quantidade desses elementos variam conforme a origem geográfica, fonte floral, clima, tratamentos aplicados e sazonalidade. Além disso, sua composição pode ser influenciada pelo processamento, manuseio e armazenamento.
Acredita-se que os produtos químicos fenólicos e flavonoides que compõem o mel sejam responsáveis pela maior parte de sua atividade biológica. De acordo com pesquisas, a atividade do mel é influenciada pela biodisponibilidade dos diferentes componentes fitoquímicos, bem como pela forma como são absorvidos e metabolizados. Por fim, sabe-se que esses compostos conferem propriedades benéficas aos diferentes tipos de mel (alguns, ilustrados na tabela 1), diferenciando-o dos efeitos puramente calóricos do açúcar refinado (Al-Kafaween et al., 2023).
Tabela 1 – Exemplos de mel e compostos (flavonóides e ácidos fenólicos) identificados:
Tipo de Mel |
Flavonoides |
Ácidos Fenólicos |
Mel de Manuka |
Crisina, Galangina, Isorhamnetina, Quercetina |
Ácido cafeico, Ácido ferúlico, Ácido gálico, Ácido siríngico |
Mel Tualang |
Apigenina, Naringenina, Luteolina, Naringina, Catequina |
Ácido cafeico, Ácido gálico, Ácido vanílico, Ácido P-cumárico, Ácido benzóico, Ácido trans-cinâmico |
Mel de Kelulut |
Luteolina, Naringenina, Taxifolina |
Ácido gálico, Ácido siríngico, Ácido vanílico, Ácido 3,4-di-hidroxibenzóico, Ácido 4-hidroxibenzóico, Ácido P-cumárico, Ácido cinâmico, Ácido salicílico, cis/trans-ácido abscísico |
Mel Sidr |
Catequina, Quercetina |
Ácido gálico, Ácido salicílico, Ácido clorogênico, Ácido tânico |
Fonte: Al-Kafaween et al., 2023.
Conhecendo alguns benefícios para a saúde
- Antioxidantes: O mel é uma fonte rica em antioxidantes, que ajudam a combater o estresse oxidativo.
- Glicemia e Metabolismo: Comparado ao açúcar refinado, o mel possui um índice glicêmico menor, o que significa que ele eleva os níveis de glicose no sangue de forma mais gradual.
- Efeito Antimicrobiano: Certos tipos de mel possuem propriedades antimicrobianas. O mel de Manuka, por exemplo, é conhecido por sua capacidade de inibir o crescimento de bactérias, sendo utilizado no tratamento de feridas e infecções.
Ainda, outros benefícios pouco mencionados são:
- Aplicação Culinária e Substituição em Receitas: o mel pode ser usado em diversas receitas como substituto do açúcar refinado. Em bolos, doces, bebidas e até marinadas. Para cada xícara de açúcar, pode-se utilizar ¾ de xícara de mel, ajustando a quantidade de líquidos para equilibrar a consistência das preparações. O mel oferece um sabor mais complexo e pode agregar notas florais e frutadas que enriquecem as receitas.
- Sustentabilidade e Produção Local: o mel é uma alternativa sustentável ao açúcar refinado, especialmente quando produzido localmente. O consumo de mel local apoia a economia regional e incentiva a preservação de colônias de abelhas, essenciais para a polinização de plantas e manutenção do ecossistema.
Substituição ao Açúcar Refinado
Partindo para a ciência, estudos com ratos alimentados com uma dieta que incluía mel apresentaram um ganho de peso significativamente menor após seis semanas, em comparação com aqueles que consumiram outros tipos de açúcar. Altas ingestões de açúcar estão associadas ao ganho de peso e à obesidade. Portanto, substituir açúcares por mel em alimentos e bebidas pode proporcionar um sabor doce sem o aumento calórico que contribui para o ganho de peso, sugerindo que o mel pode ser uma alternativa benéfica para quem deseja controlar o peso (Chepulis, 2007). Contudo, quando testado em humanos, os dados mostraram que, após duas semanas de consumo diário de 50 g de carboidratos provenientes de sacarose, mel e xarope de milho com alto teor de frutose (HFCS), os efeitos sobre a glicemia, inflamação e perfil lipídico em indivíduos com tolerância à glicose normal e intolerância à glicose foram semelhantes. (Raatz et al., 2015).
Recomendações finais
O mel apresenta benefícios que vão além do seu valor energético, incluindo propriedades antioxidantes, antimicrobianas e um impacto menor na glicemia, tornando-se uma opção interessante para quem deseja substituir o açúcar refinado. No entanto, seu consumo deve ser moderado, e é importante considerar sua qualidade e origem. Mais estudos são necessários para entender completamente seus efeitos a longo prazo e como ele pode ser mais bem integrado em dietas específicas.
O conteúdo deste artigo não se destina a substituir aconselhamento médico ou nutricional profissional e não deve ser interpretado como tal. Sempre consulte um profissional de saúde qualificado para esclarecer quaisquer dúvidas que você tenha sobre sua saúde ou condições médicas.
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Coleções – Mel Hakodesh
Foto de Calum Lewis na Unsplash
Al-Kafaween, M. A., Alwahsh, M., Mohd Hilmi, A. B., & Abulebdah, D. H. (2023). Physicochemical Characteristics and Bioactive Compounds of Different Types of Honey and Their Biological and Therapeutic Properties: A Comprehensive Review. In Antibiotics (Vol. 12, Issue 2). MDPI. https://doi.org/10.3390/antibiotics12020337
Chepulis, L. M. (2007). The effect of honey compared to sucrose, mixed sugars, and a sugar-free diet on weight gain in young rats. Journal of Food Science, 72(3). https://doi.org/10.1111/j.1750-3841.2007.00286.x
Palma-Morales, M., Huertas, J. R., & Rodríguez-Pérez, C. (2023). A Comprehensive Review of the Effect of Honey on Human Health. In Nutrients (Vol. 15, Issue 13). Multidisciplinary Digital Publishing Institute (MDPI). https://doi.org/10.3390/nu15133056
Raatz, S. K., Johnson, L. A. K., & Picklo, M. J. (2015). Consumption of Honey, Sucrose, and High-Fructose Corn Syrup Produces Similar Metabolic Effects in Glucose-Tolerant and -Intolerant Individuals1,2. Journal of Nutrition, 145(10), 2265–2272. https://doi.org/10.3945/jn.115.218016